Fiz o concurso da prefeitura em 1994 na época o prefeito Lomanto Jr. passei em classificação alta, na sede não tinha mais vagas fui chamada para o distrito optei em ir para Florestal pensando eu que seria lá mesmo, porém um lugar mais perto, para a minha surpresa um lugar antes de Florestal, contudo afastada da rodagem, umas 4 horas a pé e 1 hora de carro mais ou menos. Uma região de difícil acesso, tinha três escolas: Humaitá, Riacho dos Piaus e Calado a qual eu fiquei, uma distante da outra. A terceira escola não tinha acesso de carro e nem estrada, só a pé ou a cavalo. Lugar abandonado pelo tempo e pelos governantes, cheia de matos e bicho. A água para ligar tivemos que fazer uma encanação da serra. Os alunos foram sendo matriculado de acordo com os dias, andando pelas fazendas, uma distante da outra, a merenda que ia daqui chegava aos Piaus, eu conseguia um cavalo ou burro que era mais resistente colocava no lombo e montava no meio para levar ao Calado. A merenda era feita na área do fundo da escola com fogo a lenha, às vezes queimava ou derramava, pois tinha que ensinar e olhar a comida. As salas de aula eram cheias, multisseriadas com crianças de todas as idades, dificultando muitas vezes o trabalho em sala de aula, principalmente que nesta época eu não tinha tanta experiência em alfabetização, porem conseguir no final fazer um bom trabalho com aquelas crianças. Saindo desta escola passei a ensinar nas duas anteriores onde morava na casa da merendeira, saia pela manhã e retornava ao meio dia para ensinar à tarde, na outra escola. Conheci muitas pessoas, vivenciei muitos problemas, conseguir sobreviver durante quatros anos e meio sem contar que para chegar à rodagem tinha que caminhar duas ou três horas para pegar o carro, enfrentando bois pela estrada e muitas vezes só, com meus pensamentos voltados para Deus pedindo a todo tempo proteção naquelas estradas desertas.
Fui transferida para a cidade, estudei em duas escolas diferentes logo depois consegui ir para a Escola Municipal Vilma Brito mais perto de casa, umas das colegas de trabalho era justamente a minha professora de infância Maria José, escola na qual estou há 14 anos, onde dedico as minhas experiências e praticas pedagógica vivenciando as dificuldades enfrentadas por mim e demais colegas, diante de tantos problemas em salas, apesar de ciclo, alunos com idades certas em cada sala, porem multisseriadas com seus problemas de aprendizagens, alunos nos últimos anos com necessidades especiais, onde a maioria dos professores não estão preparados para lhe dar com esta clientela. No entanto as escolas têm a obrigação de aceitar crianças com necessidades especiais mesmo não estando preparadas, por conta da inclusão que acaba muitas vezes excluindo. A Declaração de Salamanca que fala sobre princípios, política e práticas na área das necessidades educativas especiais nos diz na ( p.8) que as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades.
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